
Desengano
Sonho para ti aqueles momentos de raro prazer
que se iniciam com uma taça de vinho e terminam
em longas horas das quais não se contam os minutos
Te reservo meus pensamentos mais secretos
embalados por suaves sonatas a olhos fechados
desenhando caminhos com meus dedos
gelados de espera e paixão contida
pelos teus cabelos negros
Sonho
e nesses sonhos doces minha alma se enleva
Mas o coração apequena, quase desaparece
Porque te faltam olhos de ver sonhos, e a mim
falta coragem.
A escolha da imagem
Salvador Dalí, Remorse or Sphinx Embedded in the Sand, 1931, Kresge Art Museum*
Sonhos e devaneios eram a matéria-prima das obras do surrealista espanhol Dalí. No sonho o ambiente é desconhecido, esquecido após o despertar. No pensamento temos as imagens, mas estamos sozinhos, imergidos no ambiente árido e frio de nosso imaginário, pois que não é concreto, não há o outro, não há o toque. A alma se enleva, a sombra de si? do outro? projetada nesse vácuo que é o pensar, nesse vácuo que é o sonhar. Os olhos fechados, a mão que cobre os olhos, os olhos que faltam, o desespero da covardia e talvez do despertar. [F.S.]
Deixe um comentário